Fim do Brutal Domínio de 24 anos do Ditador Bashar al-Assad na Síria.

 

Vamos falar aqui sobre a situação na Síria. Eu tenho coberto esse conflito entre os rebeldes, a Síria, o governo de Bashar al-Assad, os russos e o Irã. Uma confusão generalizada lá na Síria. Ninguém sabe onde está Bashar al-Assad!

Bashar al-Assad, para quem não sabe, é o ditador sanguinário da Síria. Seu pai tomou o controle do país de forma ditatorial há 54 anos. Após a morte do pai, Bashar al-Assad assumiu o poder no país. Sua família controlou a Síria de forma brutal e sanguinária por vários anos, sem eleições, sem nada a propor para o povo.

Em 2011, começou uma guerra civil interna naquele país para derrubar o ditador Bashar al-Assad, que agora enfim caiu! É sempre uma boa notícia quando um ditador cai. A grande dúvida é: vai ser melhor agora ou vai ser pior? Porque os rebeldes que tomaram o poder também não são tão bons. Vou explicar aqui essa sopa de letrinhas de HTS, YPG, SNA, SAA. É uma sopa de letrinhas que ninguém de outros continentes tem noção e não conseguem entender o que acontece na Síria. Isso é incrível.

O fato é que aqui há um conjunto de líderes rebeldes que se apresentam na televisão síria anunciando que estão no controle e no poder do país a partir de agora, e que Bashar al-Assad não é mais presidente. Na verdade, não sabemos como isso vai resultar no final, mas achamos que é importante analisar algumas coisas que estão acontecendo por lá e ter, pelo menos, uma perspectiva de esperança para o futuro.

Pode ser positivo no final das contas, mas somos muito cautelosos neste momento. Muitos dos líderes por lá são extremamente fanáticos religiosos, como o Talibã, o mesmo Talibã que alguns líderes insanos mundiais apoiam, inclusive no Brasil. O mesmo Talibã que obriga mulheres a usar burca, e muitas dessas mulheres são castigadas em público ou torturadas pelo regime. Talvez exista uma linha de esperança nessa história da Síria.

Se você quer ver uma visão detalhada de quem controla o quê, como estão os movimentos de tropas, quem está avançando e quem está recuando lá na Síria, é uma situação muito dinâmica. As coisas estão mudando rapidamente no mundo, especialmente no Oriente Médio. Na televisão síria, já decretam o fim do ditador Bashar al-Assad. Ninguém sabe do seu paradeiro; segundo informações, ele sequer está no país, e ninguém sabe sua localização. Muitos dizem que seu avião caiu durante a fuga. Outros dizem que está em Teerã, outros em Moscou, e ainda há quem afirme que está nos Emirados Árabes Unidos. A certeza é que ele não está na Síria; da Síria, ele fugiu.

Vamos tentar entender como se chegou a essa situação. Esse tipo de ditadura fatalmente leva a levantes violentos em qualquer lugar do mundo, inclusive no Brasil, onde um segmento político no poder tenta, a todo momento, exterminar Bolsonaro e a direita conservadora. Então vamos lá, a guerra civil na Síria começou em 2011. Em 2011, Bashar al-Assad estava no poder, um ditador sanguinário como os segmentos que estão no poder atualmente no Brasil. Todos felizes da vida, mandam prender sem provas, mandam arrebentar tudo e todos, censuram redes sociais, as mesmas ações e táticas de ditadores como o do regime de Bashar al-Assad.

O povo sírio só quer liberdade; ninguém gosta de ficar sob o domínio de ditadores ou regimes autoritários. Você ainda vai ver gente mimizenta nas redes sociais dizendo que "a revolução da Síria foi um golpe dos Estados Unidos porque queriam passar um gasoduto para abastecer a Europa através da Síria e coisa e tal".

Para quê? Os Estados Unidos já têm o Iraque! Podem passar o gasoduto pelo Iraque! Não existe nada que impeça de passar pelo Iraque. Para os mimizentos de plantão, digo logo que isso é lorota. Esses argumentos são tipicamente de desinformação a favor de regimes ditatoriais. Não é porque os Estados Unidos são os garotos maus que fizeram uma revolução na Síria para passar um gasoduto. Lorota de mimizentos de plantão. Até porque é muito mais econômico fazer por barco. No final das contas, não é? Enfim, é pura besteira esses argumentos de esquerdopatas. Agora, o que acontece de fato é o seguinte: a população de lá quer mais liberdade e se aproximar mais de outros países inclusive da Europa, querem mais democracia, querem eleger um presidente e acabar de vez com o regime de Bashar al-Assad. Existe na Síria um problema que é comum em muitos países do Oriente Médio e na África. Isso é comum por lá, lógico que não deveria ser exemplo, como aqui no Brasil atualmente também, se você parar para pensar, é o fato de que você tem um regime diferente no país com posicionamento extremamente diferente, o que causa uma tensão social muito grande.

Essa área amarela é o SDF, que são os curdos. Aqui, o verde claro é o SFA, que é o Sea Free Army, apoiado pela Turquia. O branco é o HTS, que são os militantes que conquistaram todo o poder. Onde consta no mapa na área branca, estão todas as principais cidades como Alepo, Homs, Hama, enfim, todas as cidades estão nessa área do HTS, que também está chegando em Damasco.

Mapa...

Mas o interessante é entender o ponto de vista étnico. Então, o que acontece na Síria acontece também em outros países do Oriente Médio com regiões, religiões e costumes diferentes. Tipicamente, essa área mais ao leste da Síria é uma área dos curdos. Os curdos talvez sejam o maior povo que não tem um país deles no mundo. É um povo tipicamente secular, que não tem problemas com religiões. Nessa localidade, há várias religiões, mas são, via de regra, muçulmanos, bem moderados e seculares. Eu diria que, de toda essa confusão, os curdos são gente boa. Ninguém aqui é perfeito, mas, reafirmamos, os menos piores são os curdos. Já no mapa, ao centro da Síria, temos uma grande predominância de árabes sunitas.

Então, em todas as grandes cidades da Síria, os sunitas predominam. No mapa, a região da área vermelha é praticamente controlada pelas tropas de Assad, sendo a região xiita da Síria, com muçulmanos xiitas. Repare como você tem mudanças profundas aqui: cada lado quer ir para um lado, causando um problema complexo no início da revolta. Todos querem um só objetivo: liberdade e a saída do ditador Bashar al-Assad. Em 2011, quando começou a revolta, era apenas o grupo Syria Free Army, de oposição contra Bashar al-Assad. Os rebeldes que eram contra Bashar al-Assad (os de verde e amarelo) e o regime de Bashar al-Assad (os de vermelho). Repare que os rebeldes controlavam várias cidades. Quando começou o conflito, logicamente, os rebeldes tinham menos força. Apostaram na infiltração de rebeldes sírios pelas forças terroristas do ISIS e da Al-Qaeda, de vários grupos terroristas da região, o que gerou um grande problema no futuro. 

Vejam, havia um movimento que era basicamente a população da Síria, com mais alguns quartéis e algumas pessoas ligadas à polícia que se juntaram aos rebeldes. Nesse tempo, o povo da Síria lutou contra o regime de Bashar al-Assad, que quase caiu. Como perdeu o restinho de apoio que tinha do povo, aliás, uma parte do povo ainda o apoiava por medo. Essa era a realidade. Como é de costume de todo ditador, ele cairia em breve. Só que o que aconteceu com a Síria foi que o pai de Bashar al-Assad tinha cedido a base de Tartus, na cidade do mesmo nome, para dar apoio aos russos há algum tempo. A Rússia já estava ali havia 50 anos agrupada nessa base de nome Tartus. Então, o ditador Bashar al-Assad pediu ajuda a Putin. Putin enviou tropas para a Síria e conseguiu manter o ditador Bashar al-Assad no poder. Isso gerou muitos problemas. Então, de um lado, você começou a ter os rebeldes infiltrados pelos terroristas da região e, de outro, o regime de Bashar al-Assad infiltrado pelos terroristas da Rússia e do Irã. Por isso esse conflito se prolongou por muito tempo. No ponto escuro do mapa foi quando o ISIS começou suas ações terroristas.

O ISIS é o Estado Islâmico, que começou a tomar a Síria. Eles chegaram a conquistar uma boa parte significativa da Síria, chegando até a expulsar os rebeldes que estavam no mapa na cor verde. Mais à frente, ao norte, também temos os curdos, deixando cada vez menor a área controlada por Assad. Nesse momento, entram em cena os Estados Unidos. Porque os Estados Unidos temiam que o ISIS controlasse toda a Síria e que a Síria se tornasse um Estado Islâmico de fato. Os Estados Unidos então entraram no conflito também. Repare que, em tese, os Estados Unidos e a Rússia na Síria estão em lados opostos nesse conflito. A potência vermelha...

A Rússia está apoiando o ditador Bashar al-Assad, e os Estados Unidos estão apoiando os rebeldes e os curdos sírios. Mas, por incrível que pareça, o objetivo de ambos era, antes de mais nada, atacar o Estado Islâmico. Embora mobilizando tropas, tanto os Estados Unidos quanto a Rússia, esperamos que não se choquem nessa guerra, até porque ambos combatiam o Estado Islâmico, em uma espécie de acordo não velado: "vamos tirar o Estado Islâmico daqui e o resto a gente vê depois!"

De fato, essa seria a ideia: destruir o Estado Islâmico por completo. Ainda existem algumas células no meio do deserto, mas hoje em dia é muito pouca coisa do Estado Islâmico na Síria.

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Só que, nesse meio tempo, os Estados Unidos ficaram com essa área próxima à Jordânia no mapa, apoiando os rebeldes na fronteira da Jordânia. Já na área amarela estão os curdos, o HTS (que é parte dos rebeldes), e, acima no mapa, também estão áreas de rebeldes. Outras partes do mapa ficaram estagnadas desde 2018, ou mais ou menos até agora em 2024. Assim, os curdos dominam o leste da Síria, os rebeldes no norte e parte do sul, reforçados pelos americanos. O HTS, que também são rebeldes, mas têm influências radicais, e o Estado Islâmico nessa região, e Bashar al-Assad controlando a maior parte da Síria naquele momento.

Agora vejam outra confusão no mapa: na área verde claro, apoiados pela Turquia, estão contra o povo curdo, porque existem muitos curdos na Turquia. A Turquia teme que os curdos consigam um país independente. O HTS não tem conflito com ninguém, não brigam com os curdos, nem mesmo com os rebeldes ao norte ou ao sul dessa região. O conflito é somente com o ditador Bashar al-Assad.

Mas, contudo, esses grupos são fundamentalistas islâmicos, como o Talibã, que obrigam as mulheres a vestir o "Hijab" e ler a "Sharia", além de perseguir as mulheres. Até que agora, em 2024, há poucos dias atrás, o HTS, que está no mapa na área branca em Idlib, começou a caminhar em direção a Alepo até que tomou a região, e começou a caminhar em direção a Hama, Homs e outras localidades, basicamente destruindo o regime do ditador Bashar al-Assad. Os curdos também avançaram para outras localidades, tomando várias cidades ao longo do rio Eufrates, assim como os avanços de outros rebeldes ao sul do país. Restou ao regime do ditador Bashar al-Assad apenas a região dos xiitas. Bashar al-Assad é xiita? Lembre-se que os muçulmanos têm essa grande divisão entre sunitas e xiitas. Essa é a situação do campo de batalha por lá hoje. Ou seja, Bashar al-Assad fugiu do país. Ninguém sabe, ninguém viu onde está o ditador Bashar al-Assad.

Segundo informações, ele esteve na Rússia pedindo ajuda a seu aliado Putin, mas voltou de mãos vazias, ou seja, abandonado à própria sorte. A Rússia tirou todos os seus militares e agentes de campo da base de Tartus, uma posição que ocupava há mais de 50 anos. Isso foi uma perda enorme para o russo Vladimir Putin. Era a maior base russa fora do território russo. Já os Estados Unidos têm várias bases militares no mundo. A velha Rússia tinha essa na Síria, que era estratégica e muito significativa, dando acesso da Rússia ao Mediterrâneo, um ponto muito importante. Com isso, a Rússia perdeu e estava evacuando Tartus, e também perdeu sua base aérea em Latakia, que está sendo evacuada. Situação totalmente caótica para o russo Vladimir Putin.

Segundo informações da internet, existem, nesse momento, muitos civis tentando fugir do país em colapso, gente tentando pegar o último voo no aeroporto de Damasco. São os últimos voos saindo porque ninguém sabe quando haverá outros voos para Damasco, e como ficará a situação política na Síria. Informações também indicam que anteontem saiu um jato privado do aeroporto com o ditador Bashar al-Assad em fuga em direção aos Emirados Árabes Unidos. Muitos acreditam que o ditador estava nesse jato particular, deixando a Síria para se abrigar em Dubai. Outros dizem que ele estava em outro avião que saiu às pressas da base de Damasco e que esse avião perdeu altitude e caiu, mas não há veracidade nesses diálogos. Tudo é uma hipótese. Outros na internet falam que foi derrubado pela defesa antiaérea. Mas defesa antiaérea de quem mesmo? Existem vários rumores de que esse avião com o ditador Bashar al-Assad poderia ter caído. Outros relatam também que alguém poderia ter usado uma Igla, que é uma arma antiaérea portátil, para derrubar o suposto avião de Bashar al-Assad.

Olha a confusão em que a Síria ficou. Desde 2011, essa situação está rolando, com muitas pessoas sendo exterminadas por causa de um governo ditador. A quantidade de pessoas que já morreram e que ainda vão morrer por lá...

Uma coisa absurda, de gente insana, louca e doentia quê contece nessa guerra da Síria. Na prática, os que também assumem o poder são extremamente violentos. Podemos ver os exemplos como na Ucrânia, onde destroem cidades inteiras e matam civis pacíficos sem preocupação nenhuma, como se não houvesse o amanhã, uma verdadeira barbaridade. Pra quê isso!

Outra coisa que todos se perguntam: o quê mudou? Dá para pensar um pouco? Essa situação estava tranquila já fazia 10 anos e agora, de repente, em 6 dias, tudo mudou na região extremamente complexa.

Bom, o que aconteceu fora as guerras da Ucrânia e de Israel? Porque a guerra da Ucrânia simplesmente absorveu toda a capacidade militar russa. Os russos estão morrendo em grandes números por lá e não há nenhuma condição de abrir outra frente de batalha. Enfim, os russos não tinham mais como dar apoio militar ou logístico ao ditador Bashar al-Assad. Isso serve de exemplo também como aviso para outras ditaduras espalhadas pelo mundo, como em países do continente africano que são dominados por cupinchas dos russos, franceses e etc. Se quiserem fazer rebeliões, essa é a hora, uma boa hora para se libertar desses lixos ideológicos, até porque a Rússia está enfraquecida. Não tem como mandar tropas, não tem como fazer nada. Então essa é a situação no momento.

Sobre Israel, Israel destruiu o grupo terrorista Hezbollah, essa praga que no Brasil também é idolatrada como heróis. Esse Hezbollah faz parte de toda essa tragédia que está acontecendo na Síria. Pare para pensar, aqui as principais facções: as forças democráticas sírias, que são os curdos, o Exército Sírio Livre – que é o exército da Síria Livre que tem o apoio da Turquia, Bashar al-Assad que tinha o apoio do Hezbollah, que também tinha apoio do Irã e de seus aliados russos, já que esses dois tiveram apoio da Turquia e dos Estados Unidos. Mas a Turquia não gosta dos curdos, aí lascou tudo.

A Turquia brigava com os curdos, mas apoiava a FSA. Enfim, uma confusão danada. O Hezbollah enfraquecido lá próximo de Israel e a grande nação vermelha russa enfraquecida lá nas bandas da Ucrânia. O Irã também está enfraquecido por causa das ações do exército de Israel. Irã está preocupado com Israel e não com a Síria nesse momento. Bashar al-Assad perdeu totalmente os apoios, os militares estrangeiros de Putin, os aliados terroristas e talvez jamais voltará ao poder! Assim esperamos.

Já o que levou esse avanço tão rápido do HTS na região, alguns dizem que o presidente da Turquia, Erdogan, teria dado dinheiro para a FSA para realizar esse avanço nas linhas de interesse, mas a FSA, na verdade, foi a que menos avançou no mapa na área verde acima. Eles estavam assim durante o período em que tudo estava calmo por lá e agora avançou um pouco. Nessa guerra, quem avançou de verdade foi o HTS e o SDF, que mais avançaram nas linhas de combate na região. Então, não sabemos se essa ajuda da Turquia em dinheiro fez tanta diferença nos avanços de linha de combate recente por lá. O que houve de fato foi a queda da Rússia e a queda do Hezbollah.

E outra grande dúvida que muita gente tem: e agora? O que vai acontecer por lá? Já houve até uma entrevista com Al-Julani, que é Abu Mohammed Al-Julani, um desses líderes tribais que comanda o HTS. Como eu falei para vocês, o HTS é o grupo que fez toda essa diferença, conquistando posições importantes como Hama, Homs, até Alepo. Parece que está tratando as coisas como um verdadeiro líder. Em uma entrevista fora da realidade, concedida por esse líder, que foi muito interessante até para um líder rebelde extremamente radical como muçulmano e antiamericano, falando à CNN como se fosse uma coisa normal para o mundo. Tem muita gente dizendo que há algo por trás disso, que há forças maiores por trás desse rapaz para colocá-lo no poder. Na verdade, só o tempo dirá. O fato é que ele falou no discurso, na conversa dele, que já foi muito radical, que já foi da Al-Qaeda e do ISIS, mas que hoje ele mudou, que hoje ele é mais moderado e quer coexistência de todas as religiões na Síria. Não sabemos se podemos acreditar nisso, temos sérias dúvidas sobre esse belo discurso de um ex-líder extremista radical com um vasto currículo desses.

Uma coisa é falar isso, né? Certamente ele pode falar isso com a intenção de conseguir apoio para ser um possível governador da Síria...

No momento, a questão é: será que ele vai realmente cumprir isso? Não sabemos a real intenção desse líder, mas em seu discurso ele falou bonito para o mundo através da CNN.

Se isso foi realmente sincero, ele tem o apoio total do mundo. Acho excelente isso, tomara que tenha palavra, porque tudo bem que a maioria lá é muçulmana, sunita, dentre outras facções. Se ele respeita essas divisões e outras religiões que existem por lá, então por que não dar uma chance para ele ser o governador ou presidente, seja lá qual for a ordem de autoridade desse país? Outra coisa é que ele está querendo adotar um modelo descentralizado de país. Isso é muito interessante para uma possível redemocratização dessa nação tão devastada por séculos de guerras sem fim. Isso pode ser uma solução não apenas para a Síria, mas para vários outros países do Oriente Médio e da África.

Qual é a ideia dele? Um governo central mínimo, com as províncias divididas conforme suas religiões, com poder de decisão e poder legislativo local. Ele ainda não falou como seria exatamente essa divisão, mas podemos imaginar uma situação hipotética em que você teria a província autônoma sunita no centro da Síria e outra província autônoma xiita na região costeira da Síria, conforme a maioria da população nesses lugares. Mas nem tudo são flores. A Turquia odiou tudo isso, como era de se imaginar. A Turquia é contra esse novo líder, como falamos lá no começo. É uma região complexa, cheia de problemas tribais, um verdadeiro barril de pólvora essa sopa de letras do Oriente Médio. Inclusive, a Turquia já está até entrando em conflito com esse novo líder só por não gostar das ideias inovadoras por lá. Como já falamos, a Turquia tem muito medo que os curdos tenham uma região forte ou um país, ainda mais sendo autônomo na Síria. Claro, isso não poderia dar certo para a Turquia. Agora eles vão incentivar os curdos da Turquia a exigirem um pedaço desse bolo, ou seja, exigir uma região autônoma também. Solução ideal para esse tipo de coisa não existe, ainda mais com uns metendo o dedo onde não são chamados. Aí fica impossível uma união de ideias. Tem que haver uma solução razoável de centralização de poder não somente nas mãos de alguns, centralizar o mínimo e dar mais autonomia para cada religião, para cada área, de forma que você diminua essas tensões dentro do país.

Mas talvez apareça algo bom. Talvez bom demais para ser verdade. Por quê? Porque isso é exatamente o que propõe o exército democrático sírio, a ANES, que é a administração autônoma do norte e leste da Síria, uma administração das forças rebeldes. Eles fizeram exatamente isso: a divisão de regiões em conformidade com a maioria sunita. Fizeram várias divisões. O governo central deles é pequeno e eles têm regiões autônomas que controlam tudo. Ou seja, eles estão propondo exatamente o que o SDF está propondo para a Síria também. Isso seria o ideal. Agora, o medo é que eles proponham isso apenas para consolidar o poder na Síria e depois venham com uma Sharia, com leis religiosas, perseguição contra mulheres, tortura e assassinato de adversários políticos locais. Enfim, a situação da Síria não está tranquila. A queda de Bashar al-Assad foi uma coisa muito boa, mas só o tempo dirá como isso vai evoluir na Síria.

 

 Por Roberto Marques 

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